quarta-feira, 8 de maio de 2019

Conhece-te (passo-a-passo)

É com bastante alegria que compartilho com vocês que o texto Move-se foi publicado na edição de maio da Revista Conhece-te, uma conceituada revista que aborda assuntos como filosofia, literatura, música etc.

Uma longa viagem começa com um passo!

Caso queiram conhecer mais sobre essa revista, acessem o site: https://revistaconhecete.com.br/

terça-feira, 26 de março de 2019

Move-se



Um dia, ou melhor, em uma noite, melhor, à meia-noite, estava eu em um ônibus lotado. Dei a sorte de pegar o último assento disponível. Aquele lá! Na última fileira do ônibus, bem no centro, aquele que fica mais suscetível à instabilidade da direção segura do motorista e do equilíbrio impecável do MOVE.

Me acomodei naquele lugar, meu lugar (e mais de um milhão e meio de pessoas) e esperei o tempo de minha viagem. Até que algo me chamou a atenção, o mocinho ao meu lado, o mesmo de ontem, estava com seu conhecido caderno, tomando notas freneticamente. Enquanto eu reparava nisso, outro lugar ficou disponível mais à frente e comecei a me perguntar o porquê daquele menino não ter saído de seu lugar em busca de outro melhor! (Tal como ele não fez na noite interior - ele havia ficado imóvel, exceto pela mão que escrevia).

Logo em seguida, desconfortavelmente, me peguei perguntando o porquê me peguei perguntando sobre o mocinho e não sobre mim mesma. Por que riachos eu mesma não me levantei e entrei na corrida frenética para mudar de lugar? Ao parar para prestar atenção em mim mesma, obtive a resposta. Por mais desconfortável que aquele lugar fosse, eu havia me adaptado, me encaixado, me estabilizado. Pedra, até descer em meu ponto. Sair do meu lugar não me garantia que o próximo lugar a ser ocupado por mim, seria melhor que o anterior. Poderia até mesmo ser pior. Só poderia saber disso, se me movesse.

Nesse meio tempo, outra pessoa foi mais rápida e tomou o meu lugar. Quer dizer, o lugar que eu aspirava. Então relaxei! O destino havia decidido por mim! Porém minha ilusão durou apenas 1 minuto. Logo em seguida outro lugar foi desocupado e me vi no mesmo dilema. A pessoa que ocupava aquele lugar hesitou, voltou, mas acabou, por fim, indo embora. O mocinho ao meu lado continuava a rabiscar seu caderno e ninguém mais parecia se importar com todo esse dilema.

Resolvi então, sair do lugar, do meu lugar. Fui em busca de outro lugar melhor, com a única garantia de que não haveria garantias. Até porque, a própria garantia era imperfeita pretérita. Para minha surpresa, depois de todo cômodo, o incômodo, me assentei em meu novo lugar. Não era confortável, mas era exatamente ali que eu precisava estar! Fora do conforto, para me movimentar!

Enfim, mudei-me de assento, de postura, de lugar. Agora, ao olhar pela janela, tinha outras visões e o reflexo outra coisa me mostrava. Outros pontos (de vista?) e o meu ponto já estava lá! Nesse ponto não posso ficar parada. Para que tudo isso se comprove, anoto em mim mesma, dou o sinal, porquê afinal, não posso perder o meu Move!